quinta-feira, 6 de agosto de 2015

PASSANDO DE FASE. (PARTE 4)

As partes anteriores deste post estão nos links abaixo:
1ª Parte
2ª Parte
3ª Parte

Acordei cedo, a cabine do Vivre estava uma bagunça, algumas ferramentas na pia, a louça estava suja, roupa espalhada, toalha molhada sobre a cama de proa e o motorzão deitado lá no cockpit, achei que poderia consertá-lo, tinha mais tempo e estava seguro no píer, dei uma bela arrumada na cabine, limpei a sujeira, estendi a toalha e as roupas ao sol, vira e mexe o Vivre vira varal, sempre tem roupa estendida nos postinhos ou na retranca. Preparei um belo café, sempre gosto muito de tomar café no barco, para mim é a melhor refeição do dia. Café tomado fui pra cima do motorzão, vi, olhei, pensei e percebi que não teria ferramentas para nem sequer tentar arrumá-lo, meus planos de ir até a enseada de Picinguaba tinham dado errado novamente, sem ter o que fazer acomodei o Mercury dentro da cabine de maneira que atrapalhasse menos possível, para quem conhece a cabine do cruiser 23 sabe que não sobrou muita espaço lá.

Não estava a fim de decidir nada naquele momento, resolvi esperar para traçar os novos planos após o almoço, ia ficar de bobeira dentro do Vivre, saquei meu radinho xing-ling sintonizei uma rádio qualquer e fiquei lá como um lagarto ao sol da manhã. De repente um bote amarelinho com duas pessoas surge lá na praia, era o Ricardo Stark e a Maria, sua esposa, reconheci de longe, pararam a contrabordo do Vivre e batemos uns 10 minutos de papo, finalmente tinha alguém para contar sobre a minha lua vermelha, mas os navegantes tinham pressa, a previsão de vento era curta e o Ricardo não perderia aquele rabinho de vento por nada.

O Ricardo já ia longe com o Gaipava quando o vento aumentou um bocadinho, pensei em sair e velejar um pouquinho, mas senti que o Vivre tinha um balanço diferente, percebi também que ele não estava aproado para o vento, o Vivre sempre aproa para o vento quando esta ancorado, olhei com medo para a praia e confirmei o que eu temia, a tal lua azul tinha secado o mar e a quilha estava no lodo, eu tinha encalhado pela segunda vez na vida (a primeira vez você pode ler aqui), liguei o motor e fiquei de pé no Vivre pelo lado de fora do guarda mancebo com a intenção de aderná-lo o máximo possível e livrar a quilha do lodo, não obtive sucesso, minha preocupação era que a maré baixasse mais e o Vivre ficasse no seco, corri no celular e fiz uma pesquisa na internet pela tábua das marés, para meu alívio aquela era a hora da baixa-mar (9:45 se não me engano) e o Vivre não corria o risco de ficar no seco, voltei para o cockpit com uma garrafa de água e algumas rosquinha e pude ouvir o dono de uma escuna falando para o tripulante: CUIDADO PARA NÃO ENCALHAR O BOTE, e caíram na risada, fazer o quê? Me diverti em ser o motivo dos risos, logo o bote do risonho estava ao meu lado perguntando se eu precisa de ajuda, respondi que iria esperar a maré subir e ofereci uns biscoitos, e fiquei lá, esperando. Trinta minutos depois a técnica de adernar o barco funcionou e pude sair do encalhe.

Enquanto procurava outro lugar para jogar ferro descobri o triângulo da vela e fui bem para o meio dele, o triângulo da vela é um local no Itaguá onde ficam o Gaipava do Ricardo, o Acrux do Edmur e o Papo de Popa do Hermes Pacine, três barcos que velejam com frequência e têm ótimos comandantes, se eles estavam lá, também eu ficaria lá.

No resto do dia fiquei á toa, decidi que sem o motorzão não iria mesmo para a Picinguaba, dormiria ali mesmo e sairia com vento para retornar ao Saco da Ribeira, acessei o windguru e vento acima de 5 nós somente entre as 3 e 9 da manhã, corri na tábua das marés e vi que as 3 horas a maré estaria vazando, portanto, um ótimo momento para zarpar, depois de decidir o que eu faria fui para água dar uma faxina nas cracas do meu valente barquinho, com tudo isso me esqueci de tirar algumas fotos durante o dia.

Eu iria velejar de noite, então peguei a carta náutica e marquei alguns pontos até o Boqueirão, três pontos somente, como sempre me mantendo bem distante da costa, passei os pontos para meu GPS, preparei o barco para a travessia e o resto eu conto no próximo post, inclusive como fiquei sem combustível no meio do percurso.

Continua...

Próximo post:
5ª Parte

Um comentário :

  1. Walnei, na verdade era pressa mesmo, pois iria prá SP e não sabia ao certo quando velejaria outra vez Depois te conto.... E percebi mesmo que você estava perto demais do pier do Tamoios, mas não notei nada diferente no Vivre, que indicasse um encalhe.

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